Segundo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, jogador dará aulas de futebol de segunda a sexta-feira para crianças e adolescentes em entidade de Varginha.
O goleiro Bruno Fernandes recebeu autorização nesta quarta-feira (2) para trabalhar externamente no Núcleo de Capacitação para a Paz (Nucap), em Varginha. A entidade é uma organização da sociedade civil, que presta serviços de caráter público e é voltada para a inclusão e ressocialização de presos. Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), no local, o jogador dará aulas de futebol, de segunda a sexta-feira, para crianças e adolescentes assistidos pela entidade.
A autorização para o trabalho externo foi dada pela 1ª Vara Criminal e de Execuções Penais de Varginha. Segundo o despacho, o goleiro tem bom comportamento e não apresenta alteração psicopatológica. No Nucap, o goleiro não poderá ter acesso à área externa ou a pessoas estranhas à entidade, salvo familiares. Ainda conforme o TJMG, Bruno será buscado pelo Nucap dentro do pátio da unidade prisional, sem ter qualquer contato ou visualização com o mundo externo.
Periodicamente, a entidade terá que encaminhar um controle de frequência e listagem de atividades desenvolvidas pelo réu, comunicando à Justiça qualquer irregularidade. Os dias trabalhados no Nucap serão usados para fins de remição de pena. O presídio também deverá remeter à 1ª Vara Criminal e de Execuções Penais de Varginha as informações sobre Bruno em relação à disciplina. A cada três meses, a folha de frequência no trabalho no Nucap deverá ser encaminhada à Justiça.
Conforme a Justiça, o Nucap atende reeducandos e suas famílias, além de egressos do sistema prisional. A entidade apoia a reinserção social e a recuperação dos condenados, de forma a contribuir para a redução da reincidência no crime. Cerca de 60 crianças, filhos de condenados e de egressos, são atendidas pelo Núcleo. No local, elas recebem alimentação e reforço escolar. Também participam de atividades como natação e futebol, além de receber atendimento psicológico e assistência social.
Bruno Fernandes foi condenado a 22 anos e três meses pelo homicídio triplamente qualificado de Eliza Samudio, bem como pela ocultação do cadáver da vítima e pelo sequestro do filho Bruninho. O recurso contra essa condenação do goleiro será julgado no TJMG em 13 de setembro, às 13h30. Na mesma data, também será julgado outro processo, que questiona a expedição da certidão de óbito de Eliza Samudio.
Processo e prisão
Bruno Fernandes está preso no Presídio de Varginha desde o dia 27 de abril, quando se entregou após o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubar uma liminar que lhe concedia liberdade. Ele chegou a ser levado para a Penitenciária de Três Corações, mas retornou para o presídio de Varginha após o juiz da Vara de Execuções de Contagem aceitar o pedido da defesa para que ele cumpra o restante da pena na cidade.
Em junho, o TJMG atualizou o atestado de pena do goleiro. No documento, constava que o goleiro só vai poder pedir a progressão de pena para o regime semiaberto a partir de 11 de março de 2019. A expectativa da defesa do goleiro era de que, ao conseguir o semiaberto ainda este ano, Bruno pudesse voltar a jogar no Boa Esporte, em Varginha.
No início de março, Bruno fechou acordo com o Boa Esporte e se mudou para o Sul de Minas, onde retomou a carreira de jogador de futebol. No entanto, no dia 26 de abril, após um pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a Primeira Turma do STF julgou o habeas corpus, que foi negado, e derrubou a liminar, mandando o goleiro de volta à prisão.
Bruno foi preso e condenado em Primeira Instância por um júri popular na cidade de Contagem (MG), em 8 de março de 2013, a 22 anos e 3 meses pelo assassinato e ocultação de cadáver de Eliza Samúdio e também pelo sequestro e cárcere privado do filho. O jogador havia sido preso em 7 de julho de 2010, quando se entregou à Polícia Civil do Rio de Janeiro.